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O “Combustível do Futuro”: uma análise crítica
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O Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional projeto de lei denominado “Combustível do Futuro”.

Um dos pontos altos desse projeto, com impacto direto no setor de combustíveis automotivos, está na elevação do teor de etanol anidro na gasolina C, e do biodiesel, no diesel B, comercializados nos postos.

Questiona-se, contudo, quais seriam os objetivos desse Projeto: (1) Redução da Emissão de Carbono; (2) Reduzir a demanda e, consequentemente mitigar o problema de escassez de gasolina A e diesel B no mercado doméstico; ou, ainda, (3) Reduzir o preço da gasolina A e do diesel B para os consumidores brasileiros.

Em relação à redução da emissão de carbono, essa medida poderá, sim, trazer benefícios. No entanto, no caso específico da elevação da participação do etanol anidro na composição da mistura da gasolina C, indagamos se não seria mais eficiente que o Governo criasse medidas para elevar a produção do etanol hidratado?

Diferentemente da gasolina C, o etanol hidratado é considerado uma energia 100% “limpa”, além de ser um substituto quase perfeito da gasolina C, ao considerarmos que mais de 90% de toda a frota de automóveis em circulação no Brasil é “flex”.

Incentivar a produção de etanol hidratado também reduziria, em tese, a demanda de gasolina C e, consequentemente, o problema de escassez de gasolina A.

Elevar a produção de etanol hidratado também auxiliaria na redução do preço dos combustíveis. Ao compararmos o preço Petrobras do litro de gasolina A da base de Paulínia (SP), em 01.09.23 (R$ 2,95), com o preço médio do etanol hidratado vendido em São Paulo, na semana de 28.08. a 01.09.23 (R$ 2,20), percebe-se que este último foi R$ 0,75 mais baixo ou equivalia a 74% daquele da gasolina A.

Se considerarmos nessa análise o preço médio do etanol anidro praticado em São Paulo, na mesma semana (R$ 2,52), e os percentuais de 27% de etanol anidro e de 73% de gasolina A da composição da gasolina C (0,27*R$ 2,52 + 0,73*R$ 2,95), verificamos também que, em termos de preço, incentivar a produção e venda do etanol hidratado, ao invés da elevação do percentual do etanol anidro na composição da gasolina C, seria uma alternativa mais eficiente. Afinal, também nesse caso, o preço do litro do etanol hidratado (R$ 2,20) seria mais baixo do que aquele da gasolina C (R$ 2,84).

Ressalte-se, ainda, que, embora em termos de “consumo” a gasolina C seja mais eficiente do que o etanol hidratado, na medida que se eleva o percentual de etanol anidro na mistura da gasolina C, esta maioria eficiência comparativa se torna menor, o que, também em relação a este aspecto, incentivar a produção de etanol hidratado, ao invés do percentual de etanol anidro na gasolina C, pode ser uma solução melhor para o Brasil, dependendo é claro dos níveis de preços da gasolina A, do etanol anidro e do etanol hidratado praticados e do incremento de percentual do etanol anidro na mistura da gasolina C.

Por fim, um último ponto para reflexão. No caso da produção, todas as usinas produtoras, de pequeno a grande porte, são capazes de produzir etanol hidratado. No entanto, via de regra, apenas as usinas de médio e grande porte são, atualmente, capazes de produzir etanol anidro.

Assim, também pensando em auxiliar o pequeno e médio produtor, incentivar a produção de etanol hidratado, ao invés de elevar o percentual de etanol anidro na mistura da gasolina C, tende a ser uma medida mais eficiente.

Atenciosamente,

AbriLivre.

 

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